quarta-feira, 28 de junho de 2017

Cara Gente Branca

A dica de série dessa semana, é a polêmica “Cara Gente Branca”, a série trás questões de conflitos raciais muito pertinentes nesse nosso contexto social atual, discutindo apropriação cultural e racismo. Para quem ainda não sabe a série é baseada no filme “Dear White People”, de 2014 com a direção e roteiro de Justin Simien, que também assina como um dos roteiristas a adaptação seriada produzida pela Netflix, além de também ter dirigido o episódio piloto.

A série conta com uma bela equipe de direção e que sabe abordar a temática de problemas enfrentados por jovens negros e discriminação social, como o caso do aclamado diretor Barry Jenkins (Moonlight: Sob a Luz do Luar) que integra a equipe de direção.

Justin Simien













Justin Simien












A trama gira em torno de uma universidade americana conceituada, e que aparentemente não tem problemas com racismo, onde estudantes negros participam de diferentes movimentos, que lutam por uma maior representatividade dentro da universidade, além de exigir melhores condições de igualdade de tratamento tanto pela instituição, quanto pelos colegas de turmas. O que coloca tudo em cheque, já que o preconceito é sempre mascarado e empurrado para baixo do tapete.

Mas tudo se trata de estudantes em fase de descobertas em momentos decisivos em suas vidas, portanto todos os discursos politizados trazidos pela série passam antes pelo olhar desses jovens. É interessante perceber também a divergência de opiniões até mesmo dentro desses movimentos negros do campus, o que aproxima ainda mais tudo da realidade.

A protagonista Sam (Logan Browning), é uma jovem idealista estudante de audiovisual, que trabalha na rádio da faculdade onde apresenta o programa  intitulado Cara Gente Branca. É esse espaço que a moça usa para informar aos estudantes do que acontece na universidade, e também enfatizar os problemas da comunidade negra, de forma sátira e provocativa. Por assumir esse posicionamento e pelo sucesso de seu programa de rádio Sam se torna quase que uma líder estudantil. Mas a própria garota que vive seus conflitos pessoais como manter um relacionamento com um cara branco.



A série se desenrola e vai apresentando os outros personagens no decorrer dos episódios, no quais são apresentados outros alunos, que de certa forma estão ligados a Sam e a eventos dentro da universidade. Desse modo podemos ter o ponto de vista de vários personagens sobre uma mesma situação, isso ajuda a contextualizar para o espectador, que cada pessoa carrega uma história e uma realidade, daí a forma como ela pode reagir em determinadas situações são influenciadas.



A montagem da série é bem dinâmica e consegue manter um ritmo fluido, mesmo com os vários pontos de vista, e mesmo diante da abordagem de temas fortes. Também há muitos momentos cômicos, com cenas bem engraçadas onde os personagens vivem situações constrangedoras, o que possibilita a identificação do público jovem, pois os personagens estão na fase de auto afirmação, busca de formação de identidade e sexualidade, e todos os temas são bem humanizados.



A trilha sonora é muito boa, conta com músicas Black e Alternativas destaque para Childish Gambino, Innanet James, Michael Kiwanuka artistas que vale apena conferir o som.

Cara gente branca é um bom exercício de empatia, pois nos coloca a par dos problemas vividos pelas pessoas que talvez nem sempre seja os nossos, com um olhar menos estereotipado. Discutindo racismo em um momento muito delicado na sociedade americana, mas que também serve para muitas questões parecidas no Brasil. Uma série boa necessária e um ótimo entretenimento.

Não deixe de conferir a série!
Gostou da dica? De seu comentário, sua opinião é bem vinda. Curta e compartilhe em suas redes sociais ;) 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Erotismo e a cidade: Vidas nuas (1967) de Ody Fraga

  O aspecto mais interessante em Vidas nuas é a fluidez como a cidade de São Paulo é filmada, desde seu primeiro plano quando temos acesso ...