Texto de: Tarcísio Paulo Dos Santos
Aproveitando o mês do orgulho LGBT, nada
melhor do que indicar um ótimo documentário que retrata a história do cinema
LGBT americano. “O Celuloide Secreto” (The Celluloid Closet, 1995), dirigido por Rob Epstein e Jeffrey Friedman e conta com um interessante
panorama sobre a representatividade de gays, lésbicas, bissexuais e
transgêneros do cinema mudo, até o ano em que o documentário foi produzido.
Claro que muita coisa mudou de 1995 para cá e filmes como “Meninos Não Choram (Boys
Don't Cry, 1999), “O Segredo de Brokeback Mountain (Brokeback Mountain, 2005),
“Tomboy” (2011), “Carol” (2015), entre outros, trouxeram ainda mais
representatividade e abordaram a sexualidade humana com cada vez mais
naturalidade, tratando-a como uma simples característica na vida de seus
personagens.
Mas voltando ao documentário, o longa
fala da influência do cinema americano no pensamento de como os heterossexuais
viam os homossexuais, assim como o próprio homossexual se via na tela. No
começo a homossexualidade era pouco retratada nos filmes e quando havia uma
abordagem, ela era muitas vezes motivo de chacota, pena ou algo a se temer. Isso
era bem comum no cinema mudo, porém fica o questionamento se ainda assim essa
retratação ainda teria sua importância na visibilidade LGBT.
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A Wanderer of the
West (1927) |
Com o código Hays, Hollywood se viu obrigada a
retirar qualquer cena que retratasse situações como: beijos com a boca aberta,
prostituição, aborto, nudez e claro, homossexualidade. Coube então a indústria
Hollywoodiana ser extremamente sutil a ponto de muitas cenas que sugeriam a
homossexualidade de algum personagem em seu subtexto, passarem batido pela
censura da época. Gays e lésbicas então eram retratados de forma muito sutil e
na grande maioria, costumavam ser os vilões das histórias.
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Rebecca, A Mulher Inesquecível
(1940) |
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A Filha de Drácula
(1936)
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Enquanto isso na Inglaterra, é lançado
“Meu Passado me Condena” (Victim, 1961), longa que traz como protagonista um
advogado homossexual, que tenta ajudar outros homens gays que estão sendo
chantageados por um homem que ameaça expô-los perante a sociedade. A partir
dessa época, voltando a Hollywood, o código Hays perde sua força e cineastas
decidem abordar a homossexualidade com mais franqueza. Personagens gays e
lésbicas nessa época eram geralmente retratados como pessoas infelizes, potencialmente
suicidas e condenados a viverem uma vida nas sombras, sempre às escondidas. O
documentário traz a ideia de que essa liberdade sexual, teria um preço bem alto
para os personagens.
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Meu Passado
me Condena (1961)
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Tudo começa a mudar na década de 70 com filmes
como “Os Rapazes da Banda” (The Boys in the Band, 1970), “Cabaret” (1972), “Priscilla,
a Rainha do Deserto” (The Adventures of Priscilla, Queen of the Desert, 1994) e
“Garotos de Programa (My Own Private Idaho, 1991), que colocam personagens
LGBTs como protagonistas de suas próprias vidas e como bem observa um dos
participantes do documentário, esses filmes não fazem uma retratação positiva
de personagens gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros, mas sim uma
retratação REAL dos mesmos.
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Os Rapazes da Banda
(1970) |
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Cabaret (1972)
Com várias entrevistas com diversos atores,
historiadores, escritores, diretores e uma porção de filmes para qualquer
cinéfilo ir correndo pôr em sua lista de filmes, “O Celuloide Secreto” é
perfeito na forma como traça um panorama sobre o cinema LGBT.
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Priscilla, a Rainha do Deserto (1994)
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Garotos de Programa
(1991) |
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