O Balão Vermelho (Le Ballon Rouge, 1956) é um curta metragem escrito, dirigido e produzido por Albert Lamorisse, que teve uma breve filmografia composta de três curtas-metragens, três longas e quatro documentários. Com trabalhos vencedores de vários prêmios, como a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 1953 e do Oscar de Melhor Roteiro Original (por O Balão Vermelho), o cineasta faleceu cedo aos 48 anos.
Quase sem diálogos, a história é bem simples e gira em torno de um garotinho que andando pelas ruas de Paris, encontra um balão vermelho que tem vida própria, capaz de seguir o menino para onde quer que ele vá. Dentre os temas discutidos no filme, críticos e historiadores apontam temas como esperança, religiosidade e até a imaginação das crianças. Tudo isso em uma narrativa mais solta, funcionando mais como uma poema em filme.
O Balão Vermelho também tem uma poesia em seu visual, capaz de nos prender com tanta beleza e simplicidade. No contexto da época em que foi filmado, Paris havia sido ocupada pelos nazistas há dez anos, e grande parte do território francês deixou de ser domínio alemão em 1944. Sendo assim, fica nítido o contraste das ruas, das roupas dos adultos e até mesmo do garoto, com o balão vermelho que irá estar presente durante boa parte do filme.
O balão parece representar a própria infância como um todo, assim como a capacidade das crianças de imaginar, brincar e ver a vida de forma positiva. Isso é tão forte no protagonista, que ele chega a interagir com o balão, que vira também personagem importantíssimo no filme. O objeto flutua e vai para onde bem quiser, mas sempre acompanhando o garoto, representando talvez a força imaginativa das crianças que de tão potente, ganha vida própria.
Já os adultos no curta, são aqueles que além de enxergarem a vida de forma mais objetiva e com pouca esperança, perderam o seu lado criança. Percebe-se como mesmo os adultos sendo capazes de verem o balão vermelho, uma grande maioria desdenha o objeto, não permitindo a entrada do mesmo na escola que estuda o garoto do filme. A frieza com que muitos se desfazem do balão, mostra como adultos e crianças veem as coisas de formas bem diferentes. Mas como imaginação de criança é sempre viva, o balão espera o garoto sair da escola para voltar a interagir com ele.
O conflito principal é estabelecido quando um grupo de crianças cisma em pegar o balão do menino para estourá-lo. Mesmo com a força do filme voltada para essa inocência e até para a infância como um todo, personagens infantis também mostram a maldade que existe no mundo, sendo honesto ao representar isso independentemente da idade. Quando tudo acaba indo para um mal caminho, eis que o filme tem uma virada que faz dele ainda mais interessante. Nesse momento, é com a solidariedade que o filme termina, mostrando como a empatia e a vontade de ajudar o próximo, pode nos levar longe. Literalmente.
Ficou curioso? Confira o curta abaixo!
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