“Elena” (2011) é o terceiro filme do diretor
russo Andrey Zvyagintsev. Seu quarto filme,
“Leviatã” (2014), foi indicado ao Oscar 2015 na categoria de melhor filme
estrangeiro. Em 2017, o cineasta lançou “Nelyubov”, que conta a história de um
casal, cujo processo de divórcio turbulento, faz com que Alyosha, filho do
casal, acabe sendo deixado de lado, resultando no desaparecimento do garoto. O
longa tem sido muito bem aceito pela crítica e já venceu o Prêmio do Júri no
Festival de Cannes deste ano.
Se de um lado Vladimir não tem uma boa relação
com Katya, Elena é muito apegada a sua família e se preocupa com o bem-estar de
seu filho, sogra e netos, mesmo que os mesmos pouco se importem em assumir
responsabilidades. Mesmo com um tema que busca ser universal (como diz o
próprio diretor) ao retratar essa diferença de classes e principalmente as
decisões tomadas pela protagonista, que vão aos poucos nos revelando mais sobre
ela, é inegável como o roteiro traz também muito sobre a própria Rússia.
O cotidiano de Elena e Vladimir é mostrado
logo na primeira cena quando a protagonista acorda pela manhã, penteia os
cabelos, acorda o marido, que dorme em outro quarto, prepara o café da manhã e
vai até um bairro mais distante, visitar o filho. Mesmo que haja uma boa
relação entre o casal, nessa rotina é possível perceber como a casa ampla e as
cores predominantes nas luzes, objetos e paredes do apartamento, colocam um
distanciamento e até um pouco de frieza na relação de Elena e Vladmir. A
televisão sempre ligada, tanto no apartamento de Elena quanto no de seu filho,
traz a alienação e a falta de um diálogo mais franco entre os personagens.
Os contrastes também acontecem no trajeto de
Elena até o apartamento de seu filho. O roteiro faz questão de nos mostrar o
trajeto da personagem que sai de seu bairro, para pega um ônibus, um trem e
caminha até o bairro onde mora Sergei. O lugar fica perto de algumas indústrias
e podemos perceber o contraste com o bairro onde Elena vive.
A Rússia que há quase 30 anos não é mais
comunista, se viu dentro de um capitalismo em que o consumismo foi inevitável.
Isso causou mudanças drásticas na população e a juventude no país parece não
ter um rumo certo, o que também é mostrado no filme, quando em uma cena, o neto
mais velho de Elena se envolve em uma briga tola pelo próprio prazer de arrumar
confusão. Um pouco de contexto histórico mais questões da natureza humana, são
os ingredientes suficientes para se fazer um filme como “Elena”, que busca
questionar as decisões e atitudes de uma personagem aparentemente comum, mas
que precisa tomar uma decisão diante da necessidade de ajudar sua família.
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