segunda-feira, 19 de junho de 2017

Dia do cinema Brasileiro

Texto de: Tarcísio Paulo dos Santos

Afonso Segreto e o cinema brasileiro
Afonso Segreto

Em um domingo no dia 19 de junho de 1898, na baía de Guanabara, Afonso Segreto realizou as primeiras imagens do Brasil. A bordo de um barco francês chamado Brésil, Afonso, que havia comprado um cinematógrafo dos irmãos Lumière em Paris, filmou a baía de Guanabara com o equipamento depois de dezesseis dias de travessia.


Pouco se sabe sobre Segretto. Por orientação de seu irmão Paschoal Segreto, Afonso realizou entre 1898 e 1901 cerca de sessenta fitas que constituem a maioria das filmagens que ocorreram no país e que infelizmente foram perdidas. Já Paschoal, foi o primeiro grande empresário voltado para o entretenimento no Brasil, sendo responsável pela entrada do cinema no país. 


Vindo de uma família pobre, Paschoal se viu obrigado a ir para o Brasil em 1883 para tentar a vida. Chegou junto com seu irmão mais velho, Gaetano. Os irmãos trabalharam no Rio de Janeiro vendendo bilhetes de loteria e jornais, o que os levou a organizar um pioneiro sistema de bancas. Quando se estabelecem no Brasil, trazem o restante da família. Afonso é o próximo a chegar no país. 

Paschoal Segreto
Paschoal começa a investir no ramo do entretenimento, o que era algo novo na cidade, que na última década do século assiste ao surgimento de cabarés, cafés-concertos e casas de chope, onde são oferecidos espetáculos de variedades e novidades mecânicas, como o cinematógrafo. Paschoal funda a EMPRESA (primeira empresa de porte e nome nacional do setor de entretenimento), e o cinema de torna para ele, a melhor atração do lugar, que mesmo com a instabilidade de energia que prejudicava a nitidez das sessões, decide investir no novo equipamento.

Em 1898, Afonso viaja para a Europa e compra e aprende a usar um Cinematógrafo (criado pelos irmãos Lumiére), que ele trouxe de volta para o Brasil onde começou a produzir os seus primeiros filmes. Os filmes de Afonso constituíam de fitas de curta duração, compostos por planos autônomos que inicialmente, abordavam os rituais e os representantes do poder, como aparições de presidentes da república e o movimento das tropas, nitidamente fazendo parte da política de boa vizinhança que Paschoal possuía com as elites do país. Alguns títulos são: “Chegada do Dr. Campos Sales a Petrópolis” (1898) e “Um Batalhão do Exército” (1899). Também havia a documentação de atividades pitorescas da cidade, como “O Largo de São Francisco” (1898) e “A Praia de Santa Luzia” (1898). Algumas desavenças entre Afonso e Paschoal, faz com que o primeiro seja mandado de volta à Itália, parando assim de produzir seus pequenos filmes. Paschoal segue na produção e exibição de filmes enquanto começam a surgir no país mais produtores e exibidores de filmes que inicial assim um grande ciclo com cerca de duzentos filmes por ano entre 1907 e 1911. Paschoal morreu em 22 de fevereiro de 1920, no comado de sua empresa, enquanto de Afonso, nunca mais soube-se nada depois de sua volta à Itália.  

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