domingo, 13 de agosto de 2017

“Atypical” Nova série da Netflix

Atypical estreou no dia 11 de agosto entrando para o catalago da Netfilx como mais uma produção do serviço de streaming. E assim como a maioria de suas produções originais a série segue a receita da simplicidade de produção com aquele clima de produção independente focada nos personagens.

Criada pela produtora Robia Rashid (How I Met Your Mother,  The Goldbergs)  Atypical trás como tema central o autismos, porém assim como em outras produções de Rashid, tudo é tratado por um viés suave revestido de dramas familiares com uma pegada cômica, deixando assuntos difíceis de serem abordados mais interessantes ao grande público.


A série conta a história de Sam Gardner um jovem de 18 anos de idade no espectro do autismo, em uma de suas formas mais leve, ou seja apesar do garoto ter vários problemas decorrentes do autismo ele ainda consegue desenvolver comunicação ir a escola e trabalhar, mas tudo isso de uma forma um pouco diferente “Atípica”.


Sam assim como a maioria das pessoas que tem autismo ou algum outro problema não tão comum, cresceu cercado pelos cuidados de sua família, a série começa do ponto em que ele começa a dar seus primeiros passos para uma independência pessoal, partindo em busca de conseguir ter uma namorada, e experiência sexual.

O interessante da série é que se pararmos para pensar as dificuldades do personagem em fazer as coisas simples do dia a dia, são também as dificuldades de qualquer um, pois o encontro com o outro as relações sociais e familiares demandam muito esforço, e Sam mesmo em sua forma de agir necessitando de suas regras e sem compreender muito bem as facetas da comunicação, de certa forma esta mais aberto para entender os outros. 

Apesar dos alívios cômicos e de ser até divertida a série trata de dramas familiares e o que se percebe no caso é que apesar da família Gardner parecer essas famílias que estampam embalagens de margarina, classe média empenhada no tratamento do filho, o autismo acabou afetando a todos na casa. Atypical é bem sincera quanto a isso, mostrando como é difícil ter um parente nas mesmas condições que Sam, por vezes tudo gira em torno do fato de se ter um filho autista, seja pela rotina alterada, pelas crises, ou mesmo pela forma que a sociedade olha para as diferenças fazendo com que todos da família se sintam de alguma forma excluídos.


E isso se manifesta de formas diferentes em cada personagem, no pai Doug (Michael Rapapor), que se sente alheio aos problemas do filho não conseguindo uma conexão com o garoto. Na irmã caçula, Casey (Brigette Lundy-Paine) uma adolescente, super responsável, atleta focada nos estudos,  que acaba assumindo o posto de mais velha tendo que ajudar os pais a cuidarem do irmão, e que por vezes apesar da boa convivência com Sam acaba se sentindo deixada de lado pelos pais, que parecem só terem olhos para os problemas do irmão.

E o destaque de tudo isso fica com o personagem da mãe, Elsa Gardner (Jennifer Jason Leigh), ela que desempenha a função de líder da família e toma para si todos os problemas da casa, o que acabou resultando em uma negação de sua própria vida, assumindo apenas o papel de mãe, mais que isso uma mãe militante nas causas do autismo. E é exatamente pela mãe exemplar que a história começa a ruir e os problemas dos Gardner vão aparecendo,  mostrando que se o autismo era o causador de muitos dos problemas enfrentados por eles, talvez não fosse o maior e único problema da família.

A partir do momento que Sam começa a tentar sair de seu mundinho cercado pela família, todos em sua casa precisam se rearranjar de alguma forma e encontrarem também os seus caminhos. 


A série é muito tocante, com clima de séries que retratam os subúrbios americanos dos anos 1990, porém dando mais profundidade aos problemas que passam batidos nesses formatos. O roteiro da conta da proposta e se desenvolve bem, apresenta o autismo sem didatismo entediante, e sem romantizar a situação. Os atores defendem bem os seus papéis com boas atuações que podem nos levar do choro as risadas.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Erotismo e a cidade: Vidas nuas (1967) de Ody Fraga

  O aspecto mais interessante em Vidas nuas é a fluidez como a cidade de São Paulo é filmada, desde seu primeiro plano quando temos acesso ...