1° dia de janeiro, dia de fazer promessas e colocar o ponto inicial nas listas
que prometemos fazer de séries filmes e livros para o ano, além atualizar as
postagens do blog, esse ano acredito que terei mais tempo e farei isso com mais
tranquilidade e frequência, mas comentar criticar e recomendar filmes livros e
séries requer tempo para assistir e dar uma estudada nos conteúdos que são
produzidos, borá lá então...
Sem
mais delongas o ano de 2016 foi promissor com o que se refere à produção de
séries, assistimos a consagração da Netflix, que acrescenta a seu catalago suas
próprias produções e, diga-se de passagem, trazendo ao mundo do entretenimento
uma maior diversidade de temas e formas de se produzir audiovisual seriado, várias
equipes de produção de muito talento com artistas que por vezes descartados
pela grande mídia televisiva ou a do cinema, encontraram o lugar ideal para
inovar, o serviço de streaming abriu espaço para produções mundiais que trazem
um novo frescor ao universo do cinema.
Durante
o ano a estrela do catalogo foi à aclamada série “Stranger Things” (Matt
Duffer, Ross Duffer), a qual com certeza faremos análise aqui no blog, mas o
ano fechou muito bem com a série “The OA” com uma primeira temporada
encantadora, que agarra o espectador já em seu piloto, com um roteiro
enigmático que consegue segurar a atenção durante os 8 episódios da primeira
temporada, se você gosta de ficção cientifica a série é para você, ela aborda
teorias de viagens no tempo e, questões de experiências de vida pós morte,
tratando de forma muito singular e criativa a experiência de quase morte (EQM).
The OA, trás como protagonista Prairie (Brit Marling) uma jovem misteriosa que é
encontrada no primeiro episódio depois de uma tentativa de suicídio. Ela havia passado 7 anos desaparecida e antes
de retornar a sua cidade natal era uma garota cega, agora podia enxergar o que foi
considerado um milagre na região onde morava, porém no decorrer dos episódios a
história vai se desenrolando de uma forma bem interessante em duas camadas de
montagem, uma na qual Prairie ou OA, como ela gosta de ser chamada,
está aprendendo a voltar a vida depois de anos desaparecida, e outra camada na
qual ela narra sua própria história e conta tudo que aconteceu desde que
desapareceu.
Esse
modo de montagem torna tudo muito envolvente, pois nos são apresentados todos
os personagens que estão envolvidos na trajetória da Prairie, tudo que acontece
em sua vida e como deixou de ser cega vai sendo explicado (neste post não darei
spoilers).
Fora
uma boa premissa de uma boa narrativa complexa de ficção cientifica, a série aborda
questões de misticismo, amadurecimento e comportamento humano, com uma boa
pitada de teorias filosóficas e psicológicas, além de referencias dentro do
cinema, filmes como “Pacto sinistro” (Alfred Hitchcock) de 1951, e nomes como Stanley
Kubrick, são citados pelos personagens e não para por ai só nas citações, a
série trás referências estéticas dos grandes mestres do cinema durante os episódios,
que os bons observadores e cinéfilos vão perceber.
Os
personagens giram em torno da protagonista, basicamente dois núcleos um nos
dias atuais durante a série, um grupo de adolescentes estudantes disfuncionais,
com problemas de comportamentos e familiares, que se juntam a Prairie e passam
a escutar suas histórias, é através desses momentos que temos acesso ao passado
sombrio da personagem, e aos personagens do segundo núcleo, que estão nas
lembranças da personagem que se abre aos garotos fazendo revelações que passa a
mudar suas rotinas e comportamentos.
Esse
modo como a série se desenrola faz com que se crie empatia pelos personagens de
forma rápida, mesmo que muitos deles sejam pessoas não muito agradáveis, com
histórico de violência ou uma professora de meia idade sem muitos atrativos a
principio. As rodas de conversa faz com que eles partilhem suas experiências e
possam se conhecer assim como em terapias de grupo ou algo muito próximo do
que acontece do filme “Clube dos Cinco” (John Hughes) de 1985, nas rodas de
conversa enquanto os personagens estão presos conseguimos entende-los melhor, e,
diga-se de passagem, o número 5 de personagens é o número da série, e cada um deles
são apaixonantes, cada um a seu modo.
A
fotografia da série é um charme a parte, lembra muito filmes “indies” Europeus,
e por vezes temos planos realísticos de bairros e casas, que também nos remete
ao cinema brasileiro contemporâneo, dando aquele toque de filme independente de
baixo orçamento, uma estética muito recorrente quando a produção quer abordar
um realismo quase documental. Muitos planos são bem aproveitados com luz
natural e com a ausência de luz, que nos remete a escuridão vivida pela
personagem que boa parte da série é cega, mas também a cegueira interior e a
jornada de autoconhecimento que se enfrenta no desenrolar da trama, temos
planos e insertes belíssimos da natureza e dos ambientes num geral, porém a fotografia
não para no naturalismo, como dito a série se desdobra em uma montagem complexa
de camadas tanto nas narrativas, na montagem, mas também na fotografia, temos
momento místicos, nos quais a proposta é feita de forma minimalista sem medo do
clichê e funciona muito bem as imagens de experiência de quase morte dos
personagens que viajam por outras dimensões, dando imagens simples e muito
bonitas dessas experiências ao espectador.
A
atriz Brit Marling, que interpreta a protagonista, é uma roteirista e também uma das
criadoras da série, um trabalho recente dela que trás um pouco da atmosfera da
série é o filme “O sistema” de 2013, dirigido por Zal Batmanglij, que também
dirige a série, a dupla já funcionou bem antes, a relação do filme com a série
é apenas no que desrespeito a critica a sociedade pós-moderna capitalista,
através de uma dose de misticismo e ideias de autoconhecimento.
Aproveite
que o ano esta só começando e assista The OA, vale muito apena, comente o que
achou, em breve poderei fazer mais análises dos episódios.
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