Diego Andrade e Andradina Azevedo se conheceram na FAAP, onde
estudaram cinema. Depois da realização de alguns curtas, fizeram (sem o auxílio
de nenhuma lei de incentivo) o longa com a ajuda de amigos. A princípio, a
ideia era de fazer uma comédia romântica, mas que acabou não funcionando por
conta da falta maturidade dos estudantes em relação às suas próprias vivências.
Procurando uma expressão mais verdadeira e mais perto do público, nasceu
"A Bruta Flor do Querer", primeiro longa da dupla.
O parágrafo acima não é uma simples informação sobre os
realizadores (que também atuam no filme), pois o interessante é justamente nos
depararmos com uma obra que traz reflexões e situações vividas pelos próprios
diretores. O filme traz questões bem interessantes, e que por mais que o foco
seja sobre um estudante de cinema, tais conflitos poderiam se adequar a demais
profissões. Porém, não dá para ignorarmos o fato de que estudantes de cinema ou
qualquer pessoa que tenha uma relação mais próxima com o fazer cinema no
Brasil, terá uma imersão mais profunda na narrativa e na empatia com o
personagem principal.
Não faltam momentos de reflexão sobre o futuro de quem se
forma nessa área, com direito a trabalhos como filmar casamentos, desabafos
sobre o cinema de puro entretenimento e a falta de interesse e espaço para
filmes mais questionadores. O filme também abre espaço para momentos de total
angústia, insegurança e melancolia com relação ao futuro do personagem e dos
seus sonhos.
Tudo isso é realizado de uma forma simples com uma câmera na
mão que procura ficar bem próxima dos rostos dos atores como nos filmes de John
Cassavetes, cuja câmera sempre elabora no momento o que eles pensam e sentem.
Texto de: Tarcísio Paulo Dos Santos Araújo
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