terça-feira, 4 de abril de 2017

Enter Nowhere

Texto de : Tarcísio Paulo Dos Santos Araújo

Sempre bom poder descobrir e conferir filmes que muitas vezes passam completamente batidos. “Enter Nowhere” é um desses filmes. Exibido na Netflix dos Estados Unidos, o longa produzido em 2011 e dirigido por Jack Heller, que atua mais como produtor do que como diretor, bem que poderia ter sido exibido no catálogo da Netflix do Brasil.


Depois de um assalto (que termina com a morte do caixa) realizado por Jody (Sara Paxton) e seu namorado, Kevin (Christopher Denham), em um pequeno mercado, somos imediatamente levados para outra ambientação. A sensação de liberdade e a juventude, exaltadas o início do filme com uma fotografia que opta por tons mais quentes ao nos apresentar Jody, são tomadas por uma mulher que perambula por uma floresta com galhos tortos e uma fotografia em tons frios e acinzentados. Agora conhecemos Samantha (Katherine Waterston), uma mulher que resolve ir atrás do marido que a deixou dentro do carro para procurar ajuda depois que o veículo quebrou. 



Ao encontrar uma velha cabana na floresta, a mulher descobre que Tom (Scott Eastwood, filho de Clint Eastwood) habita o lugar há alguns dias depois de também ter tido problemas com o seu carro, que caiu numa vala. Depois de tentarem andar pelas redondezas, sem encontrar ajuda, não demora muito para Jody se una a Samantha e Tom. A partir daí coisas entranhas começam a serem descobertas pelos três personagens, incluindo um misterioso homem que anda pela floresta com uma arma na mão.


“Enter Nowhere” traz uma pitada de ficção científica (lembrando um episódio de “Além da Imaginação”) na sua resolução final, mas sem antes deixar de criar um ambiente que preza uma atmosfera carregada de mistério e incertezas. Sem entregar o final, o tema principal da narrativa é a possibilidade de tentar mudar o futuro e consequentemente nossos erros. Mesmo com o ponto de vista de Jody, percebemos aos poucos como a vida dos personagens carregam equívocos que mudaram suas vidas drasticamente. O próprio lugar onde o filme se passa, pode ser entendido como uma espécie de purgatório para esses personagens, embora eles não estejam exatamente mortos.

Muito pode ser entendido como pista para compreender o que está acontecendo, na forma como cada personagem age e até pela forma de se vestir. Cada ator incorpora bem seu personagem, defendendo o jeito de ser de acordo com o que cada um vive e acredita.

Como um filme de baixo orçamento, isso infelizmente fica um pouco escancarado nos efeitos visuais, mas acredito que o roteiro consistente (embora alguns detalhes não fiquem cem por cento claros, talvez propositalmente para que o espectador crie suas próprias conclusões) e a atmosfera criada são o suficiente para prender, principalmente para quem gosta de boas histórias com uma boa atmosfera cheia de mistério muito potencial para entreter.  




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