segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Crítica - Eclipse Total



Lançado em 1992, Dolores Claiborne é mais uma grande obra de Stephen King. O livro teve grande êxito e foi um best-seller nos EUA. Em 1995 ganhou uma adaptação para o cinema com o nome aqui no Brasil de Eclipse Total. Dirigido por Taylor Hackford, no elenco estão as atrizes Kathy Bates, Jennifer Jason Leigh e Judy Parfitt, além dos atores Christopher Plummer e John C. Reilly. Subestimado pela crítica, o longa conta com uma das melhores atuações de Bates, mas que também passou despercebida pelas premiações na época.   

Dolores Claiborne (Kathy Bates) mora numa cidade do interior que fica em uma ilha em Maine. Lá ela trabalha como empregada de Vera (Judy Parfitt), uma rica e exigente mulher. Quando Vera é vista morta pelo carteiro e Dolores prestes a acertar sua cabeça com um rolo de macarrão, a mesma é tida como principal suspeita de ter assassinado Vera. A filha de Dolores, Selena (Jennifer Jason Leigh), é uma importante jornalista em Nova York e vai de encontro a mãe após quinze anos sem visita-la.

Esse é mais um filme que trata de temas delicados. Se em Jogo Perigoso (texto da semana passada), a sobrevivência da protagonista desencadeia com ela mesma uma avaliação sobre seu passado, Eclipse Total trata da relação conturbada entre mãe e filha, mas também esse acerto de contas com a verdade para que abas possam seguir em frente com suas vidas e sem mágoas.


O passado e o presente nesse filme têm uma força maior, já que a memória aqui tem mais força emocional, mas que evita transformar tudo em um melodrama exagerado. Dolores constantemente se recorda de momentos em que a filha ainda era pré-adolescente e ainda morava com ela e seu marido já falecido. Em Jogo Perigoso, o passado é visto mais como algo a ser confrontado e que deve ser visto cara a cara.

A fotografia é óbvia, mas eficiente ao tratar o passado com cenas cujos tons são mais saturados e coloridos e o presente com tons acinzentados e azulados. A transição se dá de forma às vezes muito sutil e quase não percebemos a transição se não fosse pelo contraste das cores da fotografia. Curioso como mesmo o passado de Dolores sendo retratado com cores saturadas, ele não tem nada de próspero. É como se a única coisa boa que as cores retratam é o fato de Selena estar perto de sua mãe.



Além dessa relação entre mãe e filha, o destaque também fica para atuação de Judy Parfitt, principalmente quando comparamos a personagem Vera no passado e no presente. A caracterização junto com a atuação da atriz é uma das melhores atuações de uma atriz coadjuvante já vistas. Toda a caracterização dos personagens está muito bem feita e principalmente natural.

As três personagens principais no filme, são bem exploradas e podemos perceber suas camadas. Até Vera que a princípio pode ser vista como uma personagem estereotipada, nos mostra facetas que a colocam como um personagem capaz de oferecer muito mais que a típica mulher amargurada e cheia de clichês.  

O eclipse, como em Jogo Perigoso, tem uma função importante também nesse filme. O evento também marca um importante acontecimento na vida das protagonistas. É como se ambos os fenômenos ainda estivessem metaforicamente produzindo efeitos na vidas dessas duas mulheres. A cor vermelha é presente nos filmes e frisam algo de ruim que sempre irá marcar a vida de Dolores e Jessie.

Eclipse Total é um filme que merece ser descoberto ou redescoberto pelos fãs de Stephen King. Com excelentes atuações e personagens, o longa consegue prender com seus suspense, mas também com um bom enredo psicológico e dramático.

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