terça-feira, 13 de agosto de 2019

Crítica - Histórias Assustadoras para Contar no Escuro


E chega aos cinemas Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro. O longa é uma adaptação de uma série de livros homônima escrita por Alvin Schwartz. As obras que são divididas em três livros, contam com histórias do folclore americano e também de lendas urbanas voltadas para o público infantil.


Na adaptação para o cinema, o roteiro foi escrito por Dan e Kevin Hageman e dirigido pelo cineasta norueguês André Øvredal, responsável por filmes como O Caçador de Troll (2010) e Autópsia (2016). O que chama atenção e que acabou fazendo toda a diferença no filme, é a produção de Guillermo del Toro (que quase dirigiu o filme em um primeiro momento), que também foi responsável pelo design das criaturas no longa.


A história se passa em 1968 e gira em torno de  três adolescentes, Stella, Auggie e Chuck, que vivem em uma cidade do interior da Pensilvânia. Na noite de Halloween, o grupo está se preparando para se vingar de Tommy, um garoto que sem oportuna o grupo. 

Em meio a uma perseguição, os três amigos conhecem o mexicano Ramon e juntos decidem explorar uma casa mal assombrada que pertenceu à família Bellows, responsável por fundar a cidade. Na casa, eles encontram uma sala secreta e um livro de histórias assustadoras pertencentes a Sarah Bellows, que por conta de sua doença, era renegada e maltratada por toda família. Stella desperta o espírito de Sarah e histórias perturbadoras envolvendo um a um de seus amigos e pessoas próximas, passam a serem escritas sozinhas no livro encontrado.


Antes de mais nada é preciso levar em conta que o filme tem a classificação de 14 anos e que o espectador precisa estar ciente de que não estamos diante de um Invocação do Mal. Sabemos que quando se fala em terror, um filme voltado para um público mais novo, tende a fazer com que fãs adultos do gênero do horror, torçam o nariz. Mesmo assim para um filme com essa classificação, ele é bem feito e perturbador o bastante para atingir seu público alvo e porque não também os adultos.

Fica claro como o tom do filme tem um Q de Guillermo del Toro, principalmente como ele cria a atmosfera de fábula e de um horror que perturba, ainda que seja inevitável os famosos jump scares. As criaturas são um dos pontos altos no filme e cada uma perturba a sua maneira. Há desde espantalhos, até as famosas almas e uma criatura sinistra e assustadora.




O roteiro também tem seus méritos. Cada história que corresponde a um personagem do filme que será a vítima, acaba tendo relação com o que Sarah no passado passou e com o que a própria vítima está passando na vida pessoal. Algumas alegorias são mais explícitas e outras são mais vagas, exigindo um pouco mais do espectador para associar o conto de terror com o terror da vida real dos personagens. Alguns temas como empatia, medo, ser mal compreendido e até as típicas espinhas na adolescência, se transformam em horripilantes alegorias graças aos monstros dos livros de Schwartz.

O filme também contextualiza a história, mas sem também se aprofundar muito, com a  Guerra do Vietnã e as eleições que elegeram o presidente Richard Nixon. O racismo também aparece no filme, assim como a xenofobia, por conta do personagem de Ramon. Toda essa tensão e conflito, mesmo que aparecendo no roteiro de forma mais vaga, serve para contextualizar o terror na história com o terror do mundo real, mesmo que esses dois mundos apareçam no filme um pouco distantes uns dos outros. Mesmo assim, fica clara a ideia de um espelhamento.  

Com um filme voltado para um público mais jovem, Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro, consegue se destacar e atrair os verdadeiros fãs de terror. Pode-se até dizer que ele consegue se sobressair a muitos filmes por aí (A Maldição da Chorona...Cof, cof!) que apresentam uma classificação maior que a sua.

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