André
Novais de Oliveira é diretor, produtor executivo, roteirista e sócio fundador
da Filmes de Plástico, produtora audiovisual que fica em Contagem, Minas Gerais.
A criação da produtora acontece em 2009 em uma parceria com Gabriel e Maurílio
Martins, e Thiago Macedo Correia. André é formado em cinema pela Escola Livre
de Cinema e graduado em história pela PUC-Minas. Além de realizar pesquisas
sobre história do cinema desde 2006, o cineasta dirigiu os filmes Fantasmas (2011), Ela
Volta na Quinta (2014) e Quintal (2015).
Temporada (2018), seu mais novo trabalho, foi vencedor do
prêmio de melhor filme no último Festival de Brasília. A história gira em torno
de Juliana (Grace Passô), que acaba de se mudar de Itaúna para a periferia de
Contagem, para trabalhar no combate a endemias na região. No novo emprego, ela
conhece novas pessoas e vive situações enquanto espera o marido sair do
trabalho para também se mudar para a nova cidade.
Temporada é um filme que impressiona por sua naturalidade, fazendo
com que nós também estejamos lá com os personagens e não apenas assistindo a um
filme. O Longa não precisa ser só assistido, mas também contemplado. O ritmo é
lento, assim como costumam ser algumas mudanças em nossas vidas. A evolução da
personagem principal se dá por pequenos grandes momentos que até mesmo os
personagens secundários não estão cientes do que está acontecendo com Juliana.
Nossa
protagonista é uma mulher que não gosta muito de falar sobre sua vida, mesmo
que ao mesmo tempo ela esteja aberta para conhecer novas pessoas no trabalho e
interagir com elas. O espectador é a única testemunha dos problemas e aborrecimentos
presentes na vida da personagem. As cenas expositivas que Juliana tem com a
prima, são pontuais e suficientes para sabermos mais sobe essa mulher. Depois
disso, cenas que dispensam diálogos são mais que suficientes para entendermos o
que está acontecendo.
Em
uma outra cena importante, Juliana apenas diz: “Sei como é”, quando outra
personagem (também negra) conta sobre um dia em que se sentiu discriminada na
frente dos amigos do ex-marido. São em momentos como esse, que o filme também
aborda questões como machismo e racismo, sempre mantendo a simplicidade dentro
de um cotidiano em que “nada parece acontecer”, mas que é perceptível o impacto
que isso traz em Juliana.
Tudo
isso se desenvolve na rotina dos personagens indo de casa em casa para
averiguar possíveis focos de dengue nos bairros e comunidades de Contagem. A
relação dos agentes com os moradores também é retratada no longa, que consegue
um fiel retrato da periferia de Contagem, seus problemas, mas também a forma
acolhedora com que recebe os agentes de saúde.
Se
você gosta de filmes mais contemplativos e que buscam explorar seus personagens
de uma forma lenta, mas ao mesmo tempo evolutiva através de sutilezas que fazem
a diferença, vá correndo ver Temporada na Netflix.
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