O cinema abarca um número grande de cenas icônicas. Responsáveis por marcarem a história da sétima arte, algumas dessas cenas conseguem ir além ao acrescentarem algo novo na própria gramática de se contar uma história. Dentre tantas cenas e imagens que ficaram gravadas na memória de tantas pessoas, mesmo para aqueles que não são tão ligados em cinema, a cena do chuveiro do filme Psicose (Psycho,1960) de Alfred Hitchcock é sem dúvida alguma, uma das imagens mais presentes em nossa memória. E porque não em nossos ouvidos? Afinal, a música usada na cena já foi ouvida até como toque de celular e seu som estridente não poderia ter sido usado em outra cena, que não a do chuveiro, quando Marion Crane (Janet Leigh) é brutalmente assassinada enquanto toma banho.
Não é qualquer cena de filme que ao fazer história, ganha diversas análises feitas por críticos, historiadores, professores e estudantes do audiovisual/cinema. Imagina quando essa cena em particular ganha um filme só sobre ela? Assim é o documentário 78/52: Hitchcock’s Shower Scene (2017), dirigido por Alexandre O. Philippe.
Mas você pode estar pensando: “O que podemos esperar de um filme com pouco mais de uma hora e meia que fala apenas de uma cena?” A resposta é: “Muito!” Cheio de informação, o longa conta com entrevistas e análises de diversos nomes importantes dentro do cinema, como Guillermo del Toro, Danny Elfman, Karyn Kusama, Eli Roth, Martin Scorsese, Bob Murawski, Jamie Lee Curtis, que para quem não sabe, é filha da atriz Janet Leigh, entre outros. Ou seja, nomes de peso e de diversas áreas do cinema, além de historiadores e críticos.
Cada fragmento da cena em que Norman Bates retalha a pele de Marion Crane, pode ser comparado a cada depoimento no documentário, que parece funcionar como uma peça essencial, que quando reunida, nos faz entender como uma simples cena foi brilhantemente dirigida a ponto de nos impactar até hoje, tanto por seu apuro técnico e pela gramática de se fazer cinema, quanto pela violência em si. Tudo sem mostrar um corte sequer na pele da personagem.
Não faltam interpretações e análises muito detalhadas durante o filme, cujo título, já aborda uma curiosidade técnica. O número 78 representa a quantidade de posições de câmeras usadas na filmagem da cena do chuveiro, enquanto o número 52, a quantidade de cortes. Aliás, o longa é inteiro em preto e branco, deixando clara a homenagem ao filme de Hitchcock.
O documentário abrange muito bem, desde curiosidades de bastidores, até abordagens mais aprofundadas, como o contexto histórico dos EUA durante o lançamento do filme e análises detalhadas que passam por etapas fundamentais dentro de uma produção, como trilha sonora, edição, direção e direção de fotografia. Tudo isso através de depoimentos preciosos não só dos profissionais citados acima, mas também de imagens de arquivo do próprio mestre do suspense, Alfred Hitchcock, como também de Marli Renfro (dublê de corpo de Leigh) e claro, da própria Janet Leigh.
Se você gosta de cinema, de Alfred Hitchcock e do filme Psicose, vá correndo para a Netflix e confira 78/52: Hitchcock’s Shower Scene.
O Novo Cinema Alemão teve sua influencia nas famosas Nouvelle Vagues europeias, como aponta Mark Cousins no livro História do Cinema. Em 1962, um grupo de cineastas lançou um manifesto que rejeitava “o cinema alemão convencional”, que sob a ameaça da TV, se encontrava em queda livre. Segundo esses cineastas, esse cinema precisava de novas liberdades.
Com o forte crescimento da Alemanha Ocidental, aponta Cousins, a culpa sentida pelo país por conta das atrocidades do holocausto, passou a ser aos poucos anestesiada. Tabloides de direita passaram a cobrir esse lado sombrio da história alemã, e buscaram exaltar um nacionalismo em prol de um bem-estar. Com isso, os jovens criativos politicamente mais à esquerda, começaram a se incomodar com essa ideia de que tudo ia bem e que nada precisava ser questionado ou exposto. A produção alemã nessa época renascia artisticamente enquanto subsídios públicos desempenhavam um papel chave nesse renascimento. Por doze anos, o Novo Cinema Alemão contou com nomes como Alexander Kluge, Jean-Marie Straub, Margarethe von Trotta e Rainer Werner Fassbinder. Esse cinema buscava revelar o falso otimismo da época e causar propositalmente uma inquietude no espectador.
Dirigido por Rainer Werner Fassbinder, O Medo do Medo (Angst vor der Angst, 1975), foi lançado para a TV. O cineasta foi influenciado pelo cinema do também alemão, Douglas Sirk, conhecido pelos seu trabalho com o melodrama durante a década de 50 em Hollywood. É possível notarmos o melodrama no cinema de Fassbinder, porém não podemos confundir com melodramas caricatos e rasos como os das famosas novelas mexicanas. Esse melodrama menos escancarado no cinema de Sirk e Fassbinder, traz críticas sociais e personagens mais complexos.
Em O Medo do Medo, Margot (Margit Carstensen) é uma mulher de classe-média, casada com Kurt (Ulrich Faulhaber) e mãe de uma menina. Prestes a dar à luz a um menino, Margot sente que algo está errado com sua vida aparentemente perfeita. Sua sogra, interpretada por Brigtte Mira, e sua cunhada, Lore (Irm Hermann) são hostis com ela e frequentemente reprovam tudo o que ela faz. Já Kurt, prefere dedicar todo o seu tempo estudando para um exame importante, ignorando Margot quase que por completo.
Em um primeiro momento estamos diante de uma história sobre uma dona de casa que descobre sofrer de esquizofrenia. Fassbinder faz ao longo do filme, o uso de um efeito que dá à imagem vista através do ponto de vista da protagonista, um efeito de ondulação, que distorce a imagem. Isso claramente apresenta a forma com que Margot passa a enxergar sua realidade.
Como dito acima, em um primeiro momento, esse drama pessoal parece ser unicamente o ponto principal da história. No entanto, estamos diante de um filme que busca ir mais além ao retratar a esquizofrenia de Margot. A doença aqui parece nada mais que uma metáfora para apontar a vida de uma mulher que se vê sem rumo, ou até pior, que descobriu que está vivendo uma vida que talvez nunca quis ou simplesmente um despertar para a realidade.
Motivos para essa interpretação, vão ficando cada vez mais óbvios no decorrer do filme. Primeiro somos apresentados a uma imagem de família comum. A casa é bem arrumada, colorida, o marido chega em casa e vai ler o jornal enquanto Margot prepara um bolo. Por vezes a imagem da sala com todos presentes e reunidos é emoldurada por uma porta que ao mesmo tempo em que coloca essa família próxima e enquadrada como em um porta retrato, também espreme e dá uma sensação claustrofóbica para Margot.
Isso sem contar nos enquadramentos em que a protagonista tem seu rosto mostrado pela metade, simbolizando uma mulher incompleta. O espelho, símbolo forte no cinema expressionista alemão, também surge aqui de forma nada sutil, mas nem por isso busca insultar nossa inteligência. Margot claramente é vista através de espelhos que parecem nos mostrar explicitamente o questionamento de sua imagem dentro de uma sociedade (que se dá através de sua família e de seu médico e do farmacêutico do bairro) conservadora e retrógada que a vê como mãe, esposa e objeto sexual. O que começa como algo visual, fica claro para nós quando ela se encara no espelho e diz: “Essa sou eu?”.
Os sintomas da “loucura” de Margot são os de questionar a escola da filha, onde as crianças mal podem falar e são enfileiradas como uma linha de montagem de uma fábrica. Sair para comprar um vestido também é algo que já não traz mais alegria para a personagem, que encontra no médico que a examina, o vício em Valium. Ele nem mesmo parece se importar com a mulher, que quando fica em um estado catatônico, ouve do médico que está tudo bem. Seu marido pouco tem interesse em conversar com ela, dedicando seu tempo unicamente aos estudos e a assistir televisão, que ironicamente, ao mesmo tempo em que o objeto aliena Kurt, foi justamente na TV em que foi exibido o filme que está sendo discutido aqui.
Mesmo dentro do que podemos chamar de uma “loucura sã”, Margot toma a iniciativa de chamar o médico quando sua bolsa estoura e seu marido pensa em chamar sua mãe e sua cunhada para ajudar. Ela nega a ajuda e faz tudo praticamente só. Fassbinder coloca duas mulheres (sogra e cunhada de Margot) como personagens machistas e conservadores, que pensam que a mulher deve se dedicar unicamente a cuidar da casa e dos filhos.
Já o misterioso Sr. Bauer, parece o único que entende Margot, uma vez que também compartilha da mesma insanidade que a personagem. A própria mulher se esquiva dele sempre que o vê na rua, enquanto nunca sabemos de fato sua participação na vida de Margot. Talvez um amante? Um amor do passado? Não importa. O Sr. Bauer entende a protagonista e aparentemente quer ajudá-la, mas a personagem não entende sua insanidade como uma fuga sadia de uma vida monótona que não faz mais sentido para ela, optando assim ouvir por ouvir os outros e se internar em uma clínica.
Lá ela consegue finalmente a cura de sua doença e está pronta para voltar a ter uma vida normal dentro dessa status quo que já define seu papel para o resto da vida. Mesmo assim, ainda enxergamos a imagem distorcida ao vermos o Sr. Bauer sendo buscado pelo IML depois de ter se suicidado. Será o suicídio a resposta do personagem ao perceber que não pôde buscar sozinho uma mudança significativa? Será a imagem distorcida a visão de Margot de que ela ainda não se curou de sua capacidade de questionar? Ou somos nós, espectadores que no dia a dia parecemos insanos quando somos contrários a pensamentos retrógrados que nunca visam uma evolução do pensamento?
Com um trabalho concentrado mais na edição de filmes, como Vermelho Russo (2016), dirigido por Charly Braun, Caroline Leone já havia dirigido dois curtas-metragens: Dalva (2004) e Joyce (2006). Leone agora roteirizou e dirigiu seu primeiro longa-metragem, Pela Janela (2017), numa coprodução Brasil e Argentina, cuja ideia para o roteiro surgiu depois de uma viagem para Buenos Aires e uma longa conversa, já de volta ao Brasil, com uma senhora que havia ido pela primeira vez ao país.
Exibido em diversos festivais nacionais (como o de Gramado) e internacionais, o longa foi bem elogiado pela crítica. Introvertido, mas sem deixar de conseguir nossa empatia, a história gira em torno de Rosália (Magali Biff), uma senhora de 65 anos que trabalha em uma fábrica de reatores em São Paulo há 30 anos, mas que de repente é despedida e substituída por um homem mais jovem. José (Cacá Amaral), irmão de Rosália, precisa levar o carro de seu patrão de volta para a Argentina e resolve levar junto sua irmã para que ela se distraia com o passeio.
O primeiro ato é dedicado a uma boa apresentação da rotina da protagonista. A vemos logo de cara em seu trabalho, almoçando, chegando em casa e realizando tarefas domésticas, como lavar roupa e preparar o jantar. A câmera alterna entre a aproximação da personagem e um afastamento da mesma, como se já marcasse o fato de estarmos acompanhando a história pessoal dessa mulher, porém através de um viés mais introspectivo.
Pela Janela não promete ser um filme cheio de acontecimentos e com diversos personagens que irão interagir com a protagonista de forma direta, a fim de provocar grandes transformações. E ainda bem, já que no filme acompanhamos Rosália durante sua viagem para a Argentina, através de uma ótica que por mais que pareça não haver um compartilhamento de seus sentimentos com o público, alegorias visuais e atos sutis são o bastante para compreendermos que a personagem não sairá do país da mesma forma como entrou.
A estrada e a água são dois desses principais elementos que estão presentes no filme e que são responsáveis por essas alegorias. Diversas vezes uma câmera subjetiva percorre a estrada durante a viagem. Se no início a estrada fica para trás, depois passamos a vê-la adiante, conforme um carro que segue seu percurso sempre adiante. Com poucas palavras, a protagonista apenas contempla a vista junto conosco, em uma sequência que de fato não precisaria de diálogos.
Já a água é a responsável por “lavar” Rosália. Seja na imagem dela caindo no para-brisas do carro que está sendo lavado, ou quando de fato ela toca o rosto da mulher. Isso ocorre quando José leva a personagem para conhecer as Cataratas do Iguaçu, numa cena que não tem pressa ao explorar o contato da protagonista com a água que molha seu rosto. Uma resistência inicial de Rosália de se aproximar das quedas de água, é facilmente entendida como mais uma metáfora sobre o medo do “depois”, como por exemplo o medo de voltar para o Brasil e consequentemente sua vida agora sem emprego. Porém o medo é deixado de lado e a mulher se permite deixar que a água toque seu rosto, num momento singelo, mas ao mesmo tempo cheio de significado.
Quando chega finalmente na cidade, começa de fato o momento de se comunicar. Ou de pelo menos tentar. Sem dominar espanhol, Rosália conversa com as pessoas que cruzam seu caminho, falando seu próprio idioma enquanto as pessoas falam em espanhol. O que pode parecer algo desconfortável, ganha aqui um significado completamente diferente. A troca de olhares, os sorrisos e a abertura para viver essa experiência e conhecer outras pessoas e outra cultura, mesmo que possivelmente sem uma consciência da protagonista, imprimem uma naturalidade tão absurda, que dispensam uma compreensão plena do que está sendo dito. A personagem apenas vive essa experiência nova, mesmo que mantendo sua introversão e sem muito menos dar detalhes sobre seus problemas para as pessoas.
Sem nos prometer nada relacionado ao que acontecerá com a personagem na volta para o Brasil, Pela Janela deixa sua mensagem através da sutileza com que retrata a vida dessa mulher que precisará se acostumar a essa nova fase de sua vida. Como Rosário irá enfrentar tudo isso, não sabemos, mas estamos certos de que sua viagem não foi em vão.
Você pode não conhecer a A24, mas com certeza já ouviu falar e/ou assistiu a algum filme produzido ou distribuído por esse estúdio norte-americano. Fundado em 2012 por Daniel Katz, David Fenkel e John Dodges (que saiu nesse ano), sua sede fica em Nova Iorque. O caso é que a A24 tem se tornado de dois ou três anos pra cá, sinônimo de filmes de qualidade. A empresa está em envolvida em filmes como O Quarto de Jack (Room, 2016), Ex_Machina: Instinto Artificial (Ex Machina, 2014), Lady Bird: A Hora de Voar (Lady Bird, 2017) e Moonlight: Sob a Luz do Luar (Moonlight, 2016), primeiro filme produzido pelo estúdio.
Talvez o que mais tenha chamado a atenção são as produções do gênero do terror, tendo A Bruxa (The Witch, 2015) com o mais falado e conhecido do grande público. A bola da vez é o longa Hereditário (Hereditary, 2018), primeiro longa metragem escrito e dirigido por Ari Aster, que já realizou alguns curtas-metragens de comédia e até com temas polêmicos, como The Strange Thing About the Johnsons (2011), que fala sobre abuso sexual praticado pelo filho contra o pai. Sim, isso mesmo.
Fica claro como Aster gosta de falar sobre relacionamentos, especialmente os familiares, em seus trabalhos, e com Hereditário não é diferente. Seja fazendo uma comédia ou um filme de terror, o melodrama parece ser uma característica do cineasta, que consegue construir personagens densos e interessantes.
No filme, acompanhamos a história da família Graham, que após a morte de Ellen, mãe de Annie (Toni Collette), começa aos poucos a vivenciar situações incômodas, em especial Charlie (Milly Shapiro) que sempre foi muito apegada a matriarca da família. Depois de um acontecimento que assola ainda mais os Graham, tudo começa a desmoronar e coisas perturbadoras e segredos sinistros são revelados.
O longa se esforça para agradar a todos os tipos de espectador que gosta do gênero de terror. Temos elementos perturbadores, alguns sustos e uma boa história. Infelizmente houve quem reclamasse do ritmo arrastado do filme, além da nota D+ no site CinemaScore, que busca justamente fazer uma pesquisa com o público com relação a filmes lançados. Mesmo tentando agradar a todos, é impossível negar a maior característica de Hereditário que acaba sendo justamente a de um “filme de arte”. Sendo assim, infelizmente isso acaba sendo uma frustração para alguns espectadores que estão (mal) acostumados com obras que apresentam fórmulas mais desgastadas e que de certa forma, caem facilmente no gosto de um público menos exigente. Ainda acho que as pessoas poderiam dar mais chances a filmes assim, que se mostram capazes e conseguem se destacar em meio a tantas produções genéricas.
Dificilmente um filme de terror consegue explorar bem seus personagens, já que uma grande maioria dos filmes desse gênero, acaba usando as pessoas como peças para os acontecimentos horríficos que irão se desenvolver na tela. Ari Aster chegou a dizer em entrevista que o corte original do longa era de três horas, mas que reduziu tudo para duas horas e sete minutos, que é o corte final que está nos cinemas.
Desenvolver personagens leva tempo e não estamos diante de um filme de terror comum que aprofunda um pouco mais o psicológico do protagonista, deixando os outros personagens apenas como iscas para os antagonistas. Estamos diante (também) de um drama familiar, com assuntos não ditos entre seus integrantes, traumas, medos e toda uma estrutura complexa que compõe a psicologia desses personagens, coisa que é bem difícil de se ver em um filme de terror, e que aqui é feito com maestria por Aster. Mesmo com o uso de cenas expositivas, que servem para os personagens dizerem coisas que o espectador não está ciente, tudo é feito dentro de um contexto que não faz com que esses diálogos fiquem gratuitos.
Mesmo com o elemento sobrenatural fortemente presente no filme, essa alegoria como apontada por muitas pessoas, parece representar as doenças psíquicas que podem ser de fato hereditárias. Mas talvez, mais do que isso, estamos diante de uma família condenada ao trágico, sendo esse elemento presente nas raízes da árvore genealógica dos Graham. É como se o filme mostrasse que nem sempre podemos dominar uma situação e ela simplesmente pode sair dos trilhos sem que possamos fazer absolutamente nada para evitar que isso aconteça. Assustador? Sim. E por isso esse filme também seja classificado como um filme de terror.
Se Annie com suas miniaturas (a personagem trabalha fazendo miniaturas por encomenda) às vezes parece estar no controle da situação ao recriar até os acontecimentos em sua família nas maquetes, a fotografia de Hereditário faz uso de planos bem abertos que mostram os tetos dos cômodos da casa, como se aquela família fosse na verdade os reais bonecos presos ali, sem chance alguma de escapar de seus destinos. Não é atoa que a primeira cena em que mostra o marido de Annie acordando seu filho, Peter (Alex Wolff), ocorre justamente dentro de uma das casas em miniatura feita pela mulher.
Destaque para Toni Collette e Alex Wolff que são grandes responsáveis por cenas perturbadoras no ponto certo. Eles ainda conseguem dosar de forma magistral o drama e a histeria que consomem e desgastam seus personagens, sem nunca cair em um comportamento caricato.
Hereditário é um filme de terror visceral, mas que ao mesmo tempo conquista o espectador com um bom drama, personagens fortes e bem construídos, fazendo dessa obra uma das melhores do ano. Terror inteligente e que fica com o espectador durante dias após ser visto, tanto por seu lado perturbador, quanto pela reflexão que ele causa. Isso só aumenta as chances do longa ser um futuro clássico do cinema de terror com o passar dos anos.