Texto de: Tarcísio Paulo Dos Santos Araújo
A Cinédia foi uma produtora de filmes fundada pelo jornalista Adhemar Gonzaga no Rio de Janeiro no ano de 1930. A produtora foi a primeira no país responsável por inaugurar um modelo de estúdio que buscava uma estrutura muito semelhante à dos estúdios europeus e hollywoodianos. Em 1926 a revista Cinearte, criada por Gonzaga e Mário Behring, foi fundamental para a estratégia de implantação, anunciando uma atualização técnica e estética do cinema brasileiro.
A Cinédia foi uma produtora de filmes fundada pelo jornalista Adhemar Gonzaga no Rio de Janeiro no ano de 1930. A produtora foi a primeira no país responsável por inaugurar um modelo de estúdio que buscava uma estrutura muito semelhante à dos estúdios europeus e hollywoodianos. Em 1926 a revista Cinearte, criada por Gonzaga e Mário Behring, foi fundamental para a estratégia de implantação, anunciando uma atualização técnica e estética do cinema brasileiro.
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Lábios sem
beijos (1930)
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“Limite” (1931, Mário Peixoto), um dos grandes filmes
já feitos no Brasil, nunca foi lançado comercialmente, mas foi apresentado pela
Cinédia em uma sessão privada no Chaplin Club do Rio de Janeiro. Como o cinema
pelo mundo já não era mais mudo, a Cinédia logo tratou de recuperar o atraso e
lançou em 1933 “A Voz do Carnaval”, dirigido por Adhermar Gonzaga e Humberto
Mauro. Foi então lançado o produto que logo seria a grande marca da produtora:
o “musicarnavalesco” (ancestral das chanchadas na Atlântida, outra produtora de
importância no país, mas que só seria inaugurada em 1941). Esses filmes traziam
músicas que eram cantadas e dançadas sobre um fundo de carnaval, permitindo assim a
experimentação dos efeitos sonoros e uma adequação tecnológica. Os temas
traziam sátiras dos fatos contemporâneos.
Lançado em 1935, “Alô, alô, Carnaval”
contava com Carmem Miranda no papel principal. O filme aproximou a Cinédia do
grande público e se tornou um grande sucesso, caindo nas graças dos
brasileiros. “Bonequinha de Seda” (Oduvaldo Viana, 1936) foi outro sucesso,
fazendo com que a virada técnica e artística do estúdio não ficasse atrás de
sucessos hollywoodianos. O longa trazia cenários e figurinos suntuosos e atores
com grande experiência no teatro. Uma curiosidade: “Bonequiha de Seda” foi o
primeiro filme brasileiro a fazer uso de uma grua em uma sequência.
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Alô, alô, Carnaval (1935) |
“Pureza” (1940, Chianca de Garcia) é a
produção mais ambiciosa da Cinédia. Com Procópio Ferreira no papel principal, o
longa contou com vários cenários e uma estação de trem recriada em estúdio. A
crítica massacrou o filme e chamou a produção do português Chianca Garcia de pretensiosa. Os gastos do longa praticamente esgotaram os recursos da produtora,
além de uma grave crise na distribuição no final de 1941. Com isso os estúdios
são fechados e as produções são interrompidas.
Em 1942 os estúdios abrem novamente, mas para a
filmagem de cenas internas de um filme americano dirigido por Orson Welles. A
Cinédia então tem seus estúdios alugados para a produção de “É Tudo Verdade”,
filmes em três partes que teriam duas delas filmadas no Brasil e a outra no
México. A parte intitulada “Carnaval” se passava no Rio de Janeiro e a praça
Onze foi recriada em estúdio. A outra parte se chamava “Quatro homens numa
jangada”, e se inspirava na história verídica dos pescadores do Ceará que
viajaram até o Rio de Janeiro em uma frágil embarcação. O filme teve suas
filmagens iniciadas, mas nunca finalizadas. Um dos protagonistas do longa morreu
afogado na baía de Guanabara. Welles tentou terminar o filme, mas forças
adversas venceram o cineasta, que decidiu abandonar o projeto.
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Alice Gonzaga |
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