Sabemos da diversidade no catálogo da Netflix, mas de vez em quando sempre surge um ou outro filme que parece fugir um pouco do conteúdo que às vezes parecem meio genérico, apresentando pouca novidade. Como uma flor simples, mas que se destaca entre as demais, assim é o filme espanhol Flores (Loreak, 2014), dirigido por Jon Garaño e Jose Mari Goenaga. O longa chegou a ser selecionado como representante da Espanha na edição do Oscar 2015.
Falado em Basco, língua falada no País Basco, região histórico-cultural localizada no extremo norte da Espanha e no extremo sudoeste da França, o longa é uma celebração do humano e dos seus sentimentos. Amor, perda, luto, perdão e superação, são temas facilmente reconhecíveis no longa que conta a história de quatro personagens.
Ane (Nagore Aranburu) é uma mulher perto da casa dos quarenta, que descobre ter entrado na menopausa um pouco antes da hora. Ela trabalha em uma construtora e sua rotina implica em trabalhar, voltar para casa e encarar a monotonia de seu casamento. Tudo muda quando ela começa a receber flores (de alguém que não deixa cartão) em sua casa toda as quintas-feiras.
Paralela à sua história, Lourdes (Itziar Ituño) e Beñat (Joxean Bengoetxea) vivem um conflito no casamento por conta de Tere ( Itziar Aizpuru), sogra de Lourdes, que não gosta da nora e cobra de seu filho um neto. Um acontecimento muda a vida de Tere e Lourdes e ambas também serão afetadas e transformadas através da flores, que também são entregues por uma pessoa desconhecida para ambas.
O título do filme não poderia ser outro. Afinal, são as flores e as diversas situações em que elas podem se encaixar, que nos convidadam a presenciar no filme. Buquês dos mais variados tipos de flores enchem as telas de gentileza, agradecimento, homenagens e luto. O ato de presentear alguém com buquês, é o que move o filme e as ações de seus personagens.
Lourdes, Tere e Ane vivem diferentes questões de suas vidas que serão resolvidas no tempo certo. Enquanto Ane está infeliz no casamento, os conflitos de Tere e Lourdes se agravam com a presença do luto. Sem muitas palavras e priorizando os sentimentos dos personagens que são externizados através de seus gestos e expressões, o longa opta por conquistar o espectador através de um ritmo mais lento, mas nem por isso entediante.
As rimas visuais também estão presentes nas flores que murcham como a vida que também se vai, assim como a renovação de um buquê velho por um novo, parece simbolizar a própria renovação das personagens diante das dificuldades. Até mesmo um personagem em especial e uma ovelha, ganha uma interpretação etérea no longa. Enquanto Buñet pode ser visto como um anjo observador e aquele que inicia todo o desenrolar do filme, a ovelha parece ser sua “continuação” na Terra que irá pôr fim a uma discussão entre duas personagens.
No final, Flores traz uma jornada interna de seus personagens diante de conflitos que serão superados justamente através das flores. Não dá para falar mais, apenas ir correndo ver.
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