sábado, 29 de dezembro de 2018

A História da Eternidade - A quebra de estereótipos do sertão brasileiro

Nosso cinema já retratou em muitos filmes, o sertão e a vida dos nordestinos. Questões como a seca, a pobreza, a fome, o conservadorismo e a forte religiosidade, durante anos, ilustraram uma característica extremamente forte na nossa cultura e na nossa história. Mesmo com sua grande importância para o cinema, muita coisa mudou e alguns filmes que se passam no sertão, começaram a trazer questões também pertinentes e mais pessoais dentro desse mundo.
Um bom exemplo é o filme Boi Neon (2015), de Gabriel Mascaro. O sonho aqui de ter uma vida melhor, deixa de lado a miséria extrema, quando o maior sonho do protagonista Iremar (Juliano Cazarré), é se tornar-se estilista no Polo de Confecções do Agreste. Enquanto trabalha nas famosas vaquejadas, o personagem cria e costura roupas ao mesmo tempo em que quebra muitos estereótipos.
Com A História da Eternidade (2015) não é diferente. Primeiro filme do pernambucano  Camilo Cavalcante, o longa foi exibido no Festival de Roterdã, na Holanda e ganhou diversos prêmios, como o de melhor filme no Festival de Paulínia, além de ser eleito o melhor filme pela Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema).
O filme se passa em um vilarejo do sertão e gira em torno de três personagens principais. Querência (Marcelia Cartaxo) acaba de perder seu filho e enquanto passa pelo processo de luto, é cortejada por Aderaldo (Leonardo França), um sanfoneiro cego que não desiste da mulher e está disposto a esperar até que a mesma esteja pronta para lhe corresponder. Dona Das Dores (Zezita de Matos) é uma senhora religiosa que vive sozinha. Ela espera a chegada de seu neto que veio de São Paulo para passar um tempo com ela. Por último, Afonsina (Débora Ingrid), é uma jovem que sonha em conhecer o mar. Ela vive com seu pai machista e conservador, Nataniel (Cláudio Jaborandy) e seus irmãos. Seu maior amigo é seu tio João “Dinho” (Irandhir Santos), um homem bom e ligado às artes, que sofre de crises de convulsão. O homem que vive na casa alugada de seu irmão Nataniel, que desaprova o lado artístico do irmão.
Em uma atmosfera cheia de poesia visual e uma fotografia belíssima, que algumas vezes parece lembrar uma versão do agreste de um quadro de Edward Hopper, o trabalho de luz e sombra contextualiza a emoção de suas personagens ao mesmo tempo em que fica entra uma representação naturalista e romântica do sertão brasileiro.
Se por um lado as casas dessas três mulheres ainda retratam a simplicidade, por outro cenas em que a família de Afonsina se reúne para almoçar e jantar, mostram uma refeição simples, mas o bastante para que todos possam se alimentar. Nataniel reclama da seca e de um período difícil que está enfrentando, mas no filme isso não se torna um problema notório. Já Dona das Dores, leva um prato farto de comida para Querência, que ainda chora pela morte do filho.
Dentro desse conservadorismo e machismo no núcleo de Afonsina, João faz questão de expressar sua veia artística em frente sua casa, sem se importar com o que dizem. Mais do que uma simples apresentação, a dança que o personagem faz enquanto toca a música “Fala” da banda Secos e Molhados, é na verdade uma explosão do que sente o personagem e de sua vontade de manifestar sua arte, mesmo que depois seja repreendido por Nataniel.
E o que dizer dessas três mulheres? Muito longe de uma abordagem focada na pobreza ou na seca, aqui isso já não tem importância. Se Afonsina poderia facilmente sonhar em ir para a cidade e buscar outras condições de vida, a garota quer apenas conhecer o mar. Esse desejo parece ser transferido para o tio, que à sua maneira (e diga-se de passagem, bem poética) mostra o “mar” para a sobrinha. A força de sua personagem também está na forma como fica em conflito com seu pai, num rumo polêmico e ousado, mesmo se o filme se passasse em São Paulo.
Mais polêmico é o núcleo de Dona das Dores. A religiosidade aqui se dá por parte dessa personagem, que sempre frequenta a missa e tem em sua casa, uma mesa com diversos retratos de santos, velas, rosários e com a bíblia. A chegada do neto traz memórias e lembranças que se dão antes da chegada do rapaz, quando a senhora pega uma caixa de fotos antigas e lembra do jovem ainda na infância. O que parece ser um simples relacionamento entre neto e avó, acaba tomando um rumo ainda mais polêmico do que na história de Afonsina. Repressão religiosa e sexualidade entram em conflito quando Dona das Dores encontra uma revista pornográfica nas coisas do neto. O despertar de uma sexualidade que parecia à muito tempo adormecida ou talvez nunca descoberta por completo, fará com que a senhora projete esse desejo no próprio neto. A culpa é inevitável e a auto punição também.
A mais romântica de todas, seja talvez a história de Querência e Aderaldo. O filme abre logo com sua história e é responsável por momentos em que a fotografia tem seus ápices. Aqui o processo do luto leva tempo e requer paciência. Tanto a nossa, quanto a de Aderaldo, que vai até a janela da mulher todas as manhãs, tocar sanfona. Detalhes como uma fresta de luz dentro do quarto da personagem, ou a janela que é aberta aos poucos, antes da porta ser finalmente aberta, mostra a delicadeza com que a personagem vai aos poucos abrindo o seu coração para o amor.
A chuva no filme tem outro papel muito importante. Aos mesmo tempo em que aflora as emoções das personagens e culminam no ápice das ações e da entrega (cada uma à sua maneira) ao desejo de cada uma dessas três mulheres, traz também algumas consequências que serão mais difíceis para Dona das Dores e Afonsina. Para Querência a chuva traz como consequência, a necessidade de um tempo só para ela, como se a água levasse de vez resquícios de seu luto e ela precisasse reerguer suas estruturas abaladas.
A História da Eternidade é um filme que quebra muitos conceitos já estabelecidos quando falamos sobre filmes passados no sertão do Brasil. Com ênfase em seus personagens e no que eles sentem, o sertão deixa de ser o palco do sofrimento e da miséria, para se tornar um lugar cheio de atmosfera que dá ao filme e principalmente às histórias, um tom romântico e por vezes quase fabulesco, mas ao mesmo tempo em que fala de questões reais e palpáveis, como nosso desejos e emoções.
Confira o trailer!

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Projeto férias Filme 1 : Capitão América o primeiro vingador

Filme 1 :  "Capitão América o primeiro vingador" - Direção :  Joe Johnston, 2011

Esse ano o Blog Simulacro resolveu  iniciar um projeto novo para as férias, e para dar o ponta pé inicial  traremos um especial sobre o  Universo Cinematográfico da Marvel.

Faremos  uma maratona pelos filmes, seguindo uma sequencia narrativa que interliga o universo dos Vingadores, e a cada filme assistido sairá aqui no blog e nas nossas redes sociais, resenhas e análises fílmicas com detalhes e curiosidades desse universo, que começou nas HQs e hoje em dia domina as bilheterias mundiais.

O primeiro filme da nossa lista é o  "Capitão América - O primeiro vingador" , dirigido por Joe Johnston, lançado no ano de 2011, o filme assim como o título sugere, traz para as telonas a proposta ambiciosa de remontar a saga dos Vingadores na linguagem cinematográfica. Esse não é o primeiro filme da franquia da Marvel em ordem cronológica de lançamento, mas é a primeira parte dessa narrativa. 


O filme é uma linda homenagem aos quadrinhos do Capitão América, e os fãs provavelmente notaram isso, ao começar pelo fato de que em toda a primeira parte do filme o personagem famoso por possuir um escudo circular com as cores da bandeira americana, possui um escudo um pouco diferente, se trata na verdade do primeiro modelo de escudo utilizado pelo capitão América nos quadrinhos.


O filme recria a gênese de  Steve Rogers o Capitão America(Chris Evans), que viria a se tornar um dos heróis mais icônicos da Marvel, personagem criado pelos lendários  Jack Kirby e  Joe Simon em 1940, bem antes da Marvel Comics ter esse nome, e antes mesmo dela representar o império que hoje representa.

Assim como nas HQs o Steve Rogers do cinema em um primeiro momento é apenas uma rapaz de aparência franzina e adoentada, mas com o desejo de servir o seu país na segunda gerra mundial, acima de tudo fica claro que Rogers tem um bom coração e é capaz de qualquer coisa para fazer um bem maior pelo próximo e pelos seus compatriotas. 

Essa veia de patriotismo do Capitão América vai além de suas vestes, fica bem clara em seu modo de vida que provavelmente é fortemente marcado pela época em que a história se passa, em um período de guerras mundiais e em um contexto de afirmação cultural de Estado Nação americano. Vale lembrar que não apenas as HQs, mas toda a produção cultural americana da época do lançamento da revista do Capitão America foi fortemente influenciada por esse contexto histórico politico social. Do qual saiu a figura do "Homem de Bem Americano", representado enumeras vezes no cinema do período, que marcou a estrutura do cinema clássico americano, que por sua vez é retomado com força na produção de filmes de heróis.

O filme  Capitão América o Primeiro Vingador, marca também a presença do que se tornaria a S.H.I.E.L.D. trazendo personagens memoráveis como a Agent Carter e Howard Stark, sim ele mesmo o pai do Tony Stark o Homem de Ferro!

A S.H.I.E.L.D. é uma agência secreta especial americana, criada pela própria Agente Carter, no filme o próprio governo americano o responsável pela transformação de Steve Rogers no Capitão América. 





Então o jovem doente que sonhava em servir o seu país, encontra sua oportunidade ao aceitar participar de um experimento cientifico do governo americano , que desejava criar super soldados, para representar os Estados Unidos em missões de extremo perigo.

A experiência funciona, e Steve Rogers  se torna o Capitão América, que nesse primeiro filme tem a missão de derrotar o Caveira Vermelha, um criador de armas que lutava ao lado de  Adolf Hitler e da Hidra famosa conhecida dos fãs dos quadrinhos e da série Agentes da S.H.I.E.L.D., o papel da Hidra nesse contexto cinematográfico da Marvel está em praticamente representar a ameça nazista tanto do período da segunda gerra mundial, quanto em seu ressurgimento nos tempos atuais, inspirando um certo medo coletivo, que só pode ser combatido por "Heróis honrados".

O filme é marcado por sequências de ação bem desenvolvidas, e uma fotografia bonita que recria ao máximo os enquadramentos de revistas em quadrinhos,  com um efeito de coloração que se aproxima da qualidade de HQs antigas. A direção de arte remonta a época da segunda gerra mundial, inclusive uma das sequências do filme na qual é feita a divulgação do Capitão América pelo governo americano, temos uma espécie de trecho musical, que demonstra o poder propagandista cultural da época, de forma muito interessante.


A trilha sonora do filme é imponente, e representa o tom heroico do longa, que ganha destaque em momentos decisivos da narrativa, o que remete muito a estrutura dos filmes Star Wars, alias percebe-se forte referência a franquia, não apenas na trilha sonora mas na montagem, o que nos dá uma dica da construção de um universo ainda maior para o filme, o que viria ocorrer depois nos próximos filmes que dão sequência na história. Vale lembrar que essa construção cinematográfica com uma narrativa que vai se expandindo, e interligando diversos personagens já era uma marca registrada das revistas em quadrinho da Marvel, bem antes dessa forma de narrativa se tornar popular no cinema.

Depois de derrotar o Caveira Vermelha o Capitão America passa por um longo período congelado, esse espaço de tempo aproveitado pelo filme, para dar sequencia em todo o universo dos Vingadores, se refere diretamente ao hiato verdadeiro de anos que a revista do Capitão América parou de ser produzida, e quando o projeto foi retomado pelo seu criador  Jack Kirby, ao ser indagado de como o herói poderia se encaixar novamente em um novo momento dos quadrinhos, respondeu com uma grande sacada de que o Capitão America passou anos congelado. Desse modo o personagem permanece intacto com seus princípios e história, mas pode viver em um novo mundo, com novos desafios e com outros personagens.



E assim nasce a historia do Capitão America no cinema, é claro que ao se tratar de uma outra mídia muitas coisas acabam de fato mudando, no entanto o fenômeno vindo dos quadrinhos nos anos 1940 permanece vivo, atraindo ainda mais pessoas em volta de histórias de heróis.

Abaixo a lista dos filmes do nosso especial para maratonar nessas férias ! =)

1- Capitão América o primeiro vingador.
2- Homem de ferro.
3- O incrível Hulk.
4- Homem de ferro 2.
5- Thor
6- os vingadores
7- Homem de ferro 3.
8- Thor o mundo sombrio.
9- Capitão América o soldado invernal.
10- Guardiões da galáxia.
11- os vingadores a era de Ultron.
12- Homem formiga.
13- Capitão América Guerra civil.
14- Dr Estranho.
15- Homem aranha de volta ao lar.
16- Guardiões da Galáxia 2.
17- Thor Ragnarok
18- Pantera Negra.
19- os vingadores guerra infinita.


segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

O Cinema de Tim Burton










Timothy William Burton, nasceu em 25 de agosto de 1958 em Burbank, nos EUA. Na infância, Burton era muito recluso e não tinha amigos. Passava o tempo lendo livros de terror e ficção científica, e assistindo a filmes de terror B, universo esse que sempre o atraiu.
Tim Burton estudou desenho na California Institute of the Arts e logo ganhou uma oportunidade que mudou sua vida. Após seus trabalhos terem sido descobertos, Burton foi contratado imediatamente pela Disney, onde trabalhou nos filmes “O Cão E a Raposa” (1981) e “O Caldeirão Mágico” (1985). Depois de algumas desavenças com seus colegas por conta da parte criativa, a Disney reconheceu o talento de Burton e aprovou o seu projeto para o curta “Vincent” de 1982, que se tornou um sucesso de crítica e recebeu diversos prêmios.
Burton fez outros curtas, incluindo “Frankenweenie” de 1984, a primeira produção em live action do cineasta. O curta porém, não foi lançado por ser considerado não muito apropriado para crianças, por conta do tom sombrio demais. Paul Reubens (também conhecido como Pee-Wee Herman) viu “Frankenweenie” e apostou em Burton para dirigir seu filme “As Grandes Aventuras de Pee-wee” de 1985. O filme surpreendentemente foi um sucesso e Tim Burton se tornou popular. A partir daí vieram diversos filmes e clássicos como “Os Fantasmas se Divertem” (1988), “Edward Mãos de Tesoura” (1990), “Batman: O Retorno” (1992), e “O Estranho Mundo de Jack” (1993), que foi dirigido por Henry Selick, mas produzido por Burton.


O garoto solitário e excêntrico parece continuar vivo, mesmo que de formas diferentes nos temas dos filmes de Burton. É comum encontrarmos personagens desajustados socialmente mal interpretados pelas pessoas e que são cobrados a serem algo que não são, resultando na tentativa falha de se encaixarem no mundo. É curioso notar como esses excêntricos personagens conseguem facilmente conquistar a empatia do público e nos fazer torcer por eles, por mais estranhos que eles possam parecer. Mas afinal, quem é 100% “normal”? Talvez o diferencial no cinema de Burton, seja justamente colocar uma lente de aumento nas excentricidades humanas.
Os finais de seus filmes costumam fugir dos finais já estabelecidos e que geralmente são mais esperados pelo público. A sociedade dita como “normal”, também costuma ser alvo de reflexão nos seus filmes, que às vezes é representada de forma chata e monótona. O visual nos filmes de Tim Burton, são uma atração a parte. Eles costumam exaltar uma atmosfera mais sombria e cheia de fantasia,  havendo muito o uso de sombras e elementos disformes, que caracterizam uma fuga da realidade, influências essas que vêm do expressionismo alemão e dos filmes antigos de terror.     
O cinema de Tim Burton é sem dúvidas um grande diferencial para o cinema (pois questiona uma “normalidade” já está estabelecida e mais valorizada no mundo) e merece ser conferido por todos e principalmente pelos fãs de uma atmosfera diferente, mas que ao mesmo tempo pode encontrar espaço para um pouco de humor em um universo fantástico.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Na Netflix: "Flores" - um filme sobre gentilezas


Sabemos da diversidade no catálogo da Netflix, mas de vez em quando sempre surge um ou outro filme que parece fugir um pouco do conteúdo que às vezes parecem meio genérico, apresentando pouca novidade. Como uma flor simples, mas que se destaca entre as demais, assim é o filme espanhol Flores (Loreak, 2014), dirigido por Jon Garaño e Jose Mari Goenaga. O longa chegou a ser selecionado como representante da Espanha na edição do Oscar 2015.
Falado em Basco, língua falada no País Basco, região histórico-cultural localizada no extremo norte da Espanha e no extremo sudoeste da França, o longa é uma celebração do humano e dos seus sentimentos. Amor, perda, luto, perdão e superação, são temas facilmente reconhecíveis no longa que conta a história de quatro personagens. 
Ane (Nagore Aranburu) é uma mulher perto da casa dos quarenta, que descobre ter entrado na menopausa um pouco antes da hora. Ela trabalha em uma construtora e sua rotina implica em trabalhar, voltar para casa e encarar a monotonia de seu casamento. Tudo muda quando ela começa a receber flores (de alguém que não deixa cartão) em sua casa toda as quintas-feiras.
Paralela à sua história, Lourdes (Itziar Ituño) e Beñat (Joxean Bengoetxea) vivem um conflito no casamento por conta de Tere ( Itziar Aizpuru), sogra de Lourdes, que não gosta da nora e cobra de seu filho um neto. Um acontecimento muda a vida de Tere e Lourdes e ambas também serão afetadas e transformadas através da flores, que também são entregues por uma pessoa desconhecida para ambas.
O título do filme não poderia ser outro. Afinal, são as flores e as diversas situações em que elas podem se encaixar, que nos convidadam a presenciar no filme. Buquês dos mais variados tipos de flores enchem as telas de gentileza, agradecimento, homenagens e luto. O ato de presentear alguém com buquês, é o que move o filme e as ações de seus personagens.
Lourdes, Tere e Ane vivem diferentes questões de suas vidas que serão resolvidas no tempo certo. Enquanto Ane está infeliz no casamento, os conflitos de Tere e Lourdes se agravam com a presença do luto. Sem muitas palavras e priorizando os sentimentos dos personagens que são externizados através de seus gestos e expressões, o longa opta por conquistar o espectador através de um ritmo mais lento, mas nem por isso entediante.
As rimas visuais também estão presentes nas flores que murcham como a vida que também se vai, assim como a renovação de um buquê velho por um novo, parece simbolizar a própria renovação das personagens diante das dificuldades. Até mesmo um personagem em especial e uma ovelha, ganha uma interpretação etérea no longa. Enquanto Buñet pode ser visto como um anjo observador e aquele que inicia todo o desenrolar do filme, a ovelha parece ser sua “continuação” na Terra que irá pôr fim a uma discussão entre duas personagens.
No final, Flores traz uma jornada interna de seus personagens diante de conflitos que serão superados justamente através das flores. Não dá para falar mais, apenas ir correndo ver.    

Erotismo e a cidade: Vidas nuas (1967) de Ody Fraga

  O aspecto mais interessante em Vidas nuas é a fluidez como a cidade de São Paulo é filmada, desde seu primeiro plano quando temos acesso ...