terça-feira, 30 de abril de 2019

Dica de série: Areia movediça

A dica de série dessa semana é “Areia movediça” nova série da Netflix que estreou no dia 5 de abril, baseada no livro de mesmo titulo, de Malin Persson Giolito.

 A série é uma produção sueca, dirigida por Per-Olav Sorensen e Lisa Farzaneh, com seis episódios intrigantes na temporada de estréia, Areia movediça não deixou á desejar, ainda não sabemos se terá uma segunda temporada, mas vamos torcer. (dedos cruzados)

O enredo da série é sobre o caso de Mija Norberg (Hanna Ardéhn), uma garota aparentemente normal que está passando por um julgamento, por causa de um atentado violento que ocorreu na escola na qual ela estudava. No decorrer da série conseguimos identificar melhor cada personagem e entender mais sobre suas histórias.



A série traz temas muito relevantes para o debate atual, como relacionamentos abusivos, uso excessivo de drogas, preconceito racial e de classe. E esses temas são abordados de forma clara, o que faz o espectador acreditar que já sabe tudo o que aconteceu logo de cara. Mas ao longo da história vamos mudando de opinião, algumas vezes, o que torna a trama mais envolvente.

O relacionamento de Mija com seu novo namorado Sebastian (Felix Sandman), dá a volta as aulas uma emoção a mais, na vida da garota, porém nem todo mundo na escola,  é fã do rapaz rico que dá muitas festas na mansão do seu pai e não se importa muito com vida escolar.



Sebastian tem uma vida diferente do que todos na escola acham, embora seja apresentado na série como um garoto educado e apaixonado por Mija, logo vemos que não é apenas isso, e sua vida tem várias perturbações que acabam por atingir também a vida de Mija. 

Por conta da  montagem da série, não conseguimos identificar logo o que está acontecendo ,e isso dá um tom de mistério aos acontecimentos, ao mesmo tempo em que temos Mija sendo preparada e interrogada para o julgamento, vemos também o que aconteceu em sua vida antes do ocorrido na escola. Podemos acompanhar as investigações na perspectiva de Mija.

Cada episódio nos deixa com a sensação de que faltam informações para a solucionar o caso, causando no expectador uma vontade imediata de assistir ao próximo episódio, em busca de mais detalhes da história, o que faz a série ser devorada em apenas um dia. 

Os eventos que se procede depois do atentado te faz ter compaixão e ao mesmo tempo falta de paciência com a protagonista. Areia movediça é muito bem conduzida, fazendo com que sintamos todos as emoções e confusões vividas por Mija, enquanto assistimos a série.

Então se você ainda não tem o que fazer nesse feriado de 1° de maio. Te indico essa ótima série da Netflix e não esqueça o lencinho!

Texto de: Nadine Roberta 
Nossa nova redatora blogueira :)

domingo, 21 de abril de 2019

Na Netflix: "Beach Rats": quando a sexualidade não é resolvida



Dirigido por Eliza Hittman, Ratos de Praia (Beach Rats, 2017) está disponível na Netflix. O drama conta a história do jovem Frankie (Harris Dickinson ), um adolescente que vive no Brooklyn e que gosta de entrar em sites de performances ao vivo de nudez para conhecer caras mais velhos. Sem muita expectativa na vida, Frankie passa boa parte do seu tempo com seus amigos jogando conversa fora ou usando drogas.
“Eu não sei bem do que eu gosto”. Essa é a primeira frase dita pelo protagonista. O cinema já abordou diversas questões que envolvem sexualidade, como a descoberta da mesma e um amadurecimento que fará com que o protagonista fique bem consigo mesmo e acima de tudo, busque sua aceitação. Em Ratos de Praia, as coisas são um pouco diferentes.
O longa não está preocupado com uma narrativa mais convencional e opta apenas por ilustrar a vida de Frankie e de seus amigos durante dias. Basicamente o rapaz e seus amigos, passam os dias na ociosidade, andando por um parque de diversões, usando drogas e até praticando pequenos furtos. Mesmo com esse retrato bem naturalista da vida de alguns jovens sem perspectiva, o que obviamente nos prende ao filme é o estudo do personagem principal e de sua sexualidade.
Simone (Madeline Weinstein) surge como o possível interesse amoroso de Frankie, que obviamente esconde da namorada e de seus amigos preconceituosos sua condição sexual também voltada para a homossexualidade. Vemos um protagonista em total desconexão com uma perspectiva de vida e que pouco entende ou reflete sobre sua própria sexualidade. Quando o mesmo está com Simone, é nítido seu desconforto e até desinteresse. Ao mesmo tempo, Frankie parece se sentir culpado por isso e até se esforça (talvez para também impressionar os amigos) para agradar a namorada.
Já quando está conversando online com homens mais velhos, às vezes até marcando encontro com eles, Frankie se torna um personagem sempre à margem. Mesmo tendo seu quarto, ele prefere conversar com os caras em um porão onde fica seu computador e uma outra cama. A fotografia reforça tudo isso trabalhando muito o uso de sombras e tons acinzentados e azuis. Os caras que aparecem na câmera costuma pedir para que Frankie se mostre melhor para eles, já que o rapaz tem o costume de deixar o ambiente à meia luz. Os corpos nus e seminus dos homens são sempre vistos através da tela do computador, como se colocassem o real desejo do protagonista sempre em um lugar inalcançável. Mesmo em cenas em que ele está tendo relações sexuais com alguém, a própria cena em si acontece à noite e perto da praia. A câmera constantemente sai de foco enquanto mostra o seu rosto e planos detalhe de partes dos corpos sem roupa. A cena em si busca tanto um erotismo como algo “frio” e momentâneo.
Outro lugar marcante no filme, é o parque de diversões. As diversas cores e o ambiente tido como harmonioso e agradável, parecem pouco entrar em contexto com a atmosfera que emana de Frankie. É lá aliás que ele conhece Simone. A jovem observa os fogos de artificio e chama de romântica toda a situação, enquanto flerta com Frankie, que pouco se importa com os fogos, dizendo que “a cada ano, é tudo a mesma coisa”. Esse fogos serão mostrados novamente no encerramento do filme, apresentando um outro contexto com o personagem. 
Se de um lado temos Simone, do outro o personagem Harry (Douglas Everett Davis) que aparece na vida do protagonista, representando um ponto de esperança para o espectador de que através desse personagem, Frankie consiga de uma vez por todas, abrir mais a sua vida e seus sentimentos. Em um encontro um pouco mais afetuoso entre Frankie e Harry, a cena de intimidade entre os dois acontece em um quarto onde até as luzes são mais quentes e a cena é toda conduzida para tirar o personagem da “clandestinidade”.
Depois de se envolver em um problema em que as consequências ficam ambíguas para o espectador, temos de volta os fogos no parque de diversão. Frankie que antes pouco se importava com eles (como uma metáfora de sua ignorância com relação a si mesmo e a seus atos) agora passa a olhá-los como sinal de alguém que talvez tenha despertado para a vida. Tarde demais? Talvez, já que os fogos do nada param, restando apenas uma fumaça no céu que vai aos poucos dissipando.
Ratos de Praia pode até ser um retrato pouco esperançoso da descoberta e exploração da sexualidade de seu protagonista, podendo até causar no espectador uma falta de empatia por Frankie. Porém, a forma com que lida com isso, é bem diferente do que se costuma ver na grande maioria dos filmes que abordam essa temática. Por isso, vale a pena conferir o longa e se deixar levar por essa exploração bem honesta e natural.

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Dica de série: Killing Eve


A dica de série dessa semana é a série Killing Eve, que teve muito destaque no ano de 2018 e acabou entrando para as listas das melhores séries produzidas no ano passado. Uma maior visibilidade veio ainda após diversas indicações e premiações na temporada de premiações da TV mundial, incluindo o Globo de Ouro 2019 para a protagonista da série Sandra Oh, atriz já conhecida pelo grande público por participar da série Grey’s Anattomy na qual interpretou a Christina.



Killing Eve é baseada no livro Codename Villanelle do autor britânico Luke Jennings. Ai adaptação para a TV ficou por conta da jovem diretora, atriz, roteirista e produtora Phobe Waller-Bridge, que vem ganhado destaque com trabalhos cada vez mais sólidos, tanto no cinema quanto na televisão, conseguindo imprimir sua marca registrada em suas produções com fortes traços de humor ácido e inteligente.

Phoebe Waller Bridge

A história se trata de um drama com suspense, no qual Eve Polastri (Sandra Oh) uma policial sagaz e intuitiva, que costuma “meter os pés pelas mãos” em suas investigações, é demitida de seu departamento por insistir em suas teorias a respeito de um caso de assassinatos em séries, no qual estava trabalhando. Ela insiste que os crimes provavelmente são cometidos por uma mulher, ideia essa que é rapidamente rejeitada por seus superiores, já que eles não acreditam que uma mulher poderia ser uma Serial Killer tão habilidosa.

Após a sua demissão, Eve é contratada por Carolyn Martens (Fiona Shaw), uma agente secreta da divisão do serviço secreto britânico, que percebe em Eve um grande potencial, deixando-a chefiar uma equipe para investigar os assassinatos misteriosos que estão ocorrendo por toda a Europa. Logo a intuição de Eve é confirma e os crimes são de fato cometidos por uma mulher. O que havia começado como uma intuição da teimosa Eve se confirma, e a trama passa a girar em torno da obsessão dela em capturar a assassina cruel e virtuosa.

A série trabalha por dois pontos de vista: o de Eve, e o da Villanelle (Jodie Comer), a assassina de aluguel treinada por facções criminosas internacionais.
Villanelle é um personagem muito interessante, com traços de psicopatia, uma jovem bonita que tem paixão por seu trabalho e procura exercê-lo “da melhor forma” possível, o que dá à personagem um lado sombrio que é compensado por sua personalidade forte e bem humorada, que apesar de trabalhar para facções criminosas é apaixonada por moda e um estilo de vida luxuoso, que é bancado por seus serviços pouco convencionais.



O Atrito entre Eve e Villanelle é o que move a série, que aumenta o tom de suspense conforme a obsessão de uma em relação a outra vai ficando cada vez maior e intensa, em quase um jogo de gato e rato.


No desenrolar da série os personagens vão se mostrando mais complexos e a história passa a ganhar vários desdobramentos, o que a torna envolvente do primeiro ao último episódio.
O grande forte de Killig Eve está no roteiro e na poderosa criação dos personagens. A série ainda tem uma linda fotografia, direção de arte e montagem que contribuem muito para criar uma linda mis-en-scène.

A segunda temporada de Killing Eve estreia no dia sete de abril de 2019 pela BBC America. Atualmente no Brasil a série é exibida pelo serviço de streaming da globo, a Globoplay.








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